Lua vai, lua vem, e depois de longa pausa, tornamos por outro caminho. O poema de hoje é tradução minha de um poema de Silvina Ocampo.
Arvorescendo
(Poema de Silvina Ocampo; tradução de Ana Araújo)
Gostaríamos de saber que está
pensando
esta menina imóvel, trepada na
corticeira.
Estará arvorescendo?
Crescerão folhas em seu cabelo,
ramas nos braços,
troncos nas pernas.
Está só, tão só que se parece
a uma boneca vestida por ela mesma.
Não a incomodam os olhares
da gente que passa.
Sua vida inteira é este momento.
Sua voz caiu na água,
seu olhar acompanhou-a,
imóvel, no lago eriçado.
Se volto a este lugar e não a
encontro
trepada na corticeira como hoje,
pensarei que esta árvore não é a
mesma
e que a menina não foi uma aparição.
Foto: Ana Araújo |
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